As palpitações vão aumentando a cada diz que passa. A respiração é ofegante e o estado de sufoco é constante. Mal me consigo manter de pé porque a força que tenho nas pernas é mínima. As dores de cabeça são constantes e a barriga não para de fazer barulho. Sinto que já nada está bem comigo. As minhas sensações são estranhas e as minhas emoções não ajudam em nada. Aquele sentimento de felicidade que existia em mim desapareceu de um momento para o outro e uma nuvem estranha cobriu o meu céu que um dia, no passado, se preencheu pelo sol. Hoje, não consigo avistar claridade alguma lá fora e são precisamente 11:00h da manhã. Porque é que será que tudo isto me acontece ao mesmo tempo? Porque é que será que o Sol não me ilumina o dia no mesmo momento em que todas as minhas cicatrizes se abrem. O escuro que está lá fora parece que condiz com a tristeza que se vive aqui dentro. Tudo o que me animava desapareceu e eu acreditava piamente que as minhas feridas tinham sarado. Mas não! O Sol não nasceu e com ele morreu a minha alegria. A minha vontade de lutar varreu'se da minha lista de desejos e agora a única coisa que lá pára é a esperança de um dia todo este nojento corpo voltar ao que um dia foi. Graças a ele o espelho tornou'se o meu pior inimigo e foi graças a ele também que as gotinhas de sal passaram a deixar o meu rosto cada vez mais limpo por escorrerem constantemente por ele abaixo. Hoje, digo que me sinto de novo debaixo daquela imensa terra e dentro daquela urna. Mas agora com uma diferença. Agora estou sozinha! Agora deixei de ter a companhia dos outros cadáveres e nem percebo o porquê mas sei que assim o meu sofrimento aumenta e a minha vontade de torturar'me e culpar'me por tudo e mais alguma coisa é enorme.
Sozinha e debaixo de terra! Sozinha e sem um único motivo para pensar que valeu a pena!